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Sindicato aponta que transporte público em Mossoró está acabando


Cidade do Sol retirou onze ônibus e pretende deixar de operar na cidade
Carlos Guerra Júnior/Da Redação

O problema dos transportes públicos de Mossoró está cada vez mais complicado. O presidente do Sindicato dos Motoristas de Mossoró e Região Oeste (Sitrom), Francisco de Assis Medeiros, aponta que os transportes públicos estão acabando.
A empresa Cidade do Sol retirou 11 ônibus de circulação, deixando apenas seis na cidade, mas já sinalizou que em pouco tempo pretende retirar os que ainda restam.  “Não tiraram ainda por conta do momento político que a cidade vive”, disse o presidente do Sitrom.
Com isso, a Sideral é a única empresa que deve ficar na cidade. Oficialmente a Sideral conta com 15 ônibus circulando em Mossoró, mas o presidente do Sitrom não condiz com a realidade no dia-dia. “Os motoristas sempre nos diz que só tem oito ônibus, as vezes chega a dez. É mentira essa história de 15 ônibus”, declarou o presidente do Sitrom, ressaltando ainda que a empresa não cumpre com as obrigações trabalhistas. “É uma empresa que não deposita FGTS, não paga o INSS e não teme a Justiça. Não faz manutenção dos ônibus. Todo dia tem reclamação de freio com problema, embreagem com problema. A verdade é essa”.
Mossoró nunca foi uma cidade exemplar no quesito transporte público, mas a situação tem se complicado bem mais. O presidente do Sitrom aponta que há dez anos, apenas a empresa Transal, contava com 24 ônibus e totalizavam 38 circulando na cidade.
Um dos maiores problemas é que as empresas precisam ter pelo menos 500 passageiros circulando por linha em um dia, para que não haja prejuízo e com as gratuidades e meia-entrada, bem como a concorrência de táxis que fazem lotação, esse número não é atingido.
“A empresa faz a apuração em um dia e tem, por exemplo, 613 passageiros, mas são 198 gratuidades e uma grande parte de estudantes. Teve a luta pela gratuidade. Daqui um dia vai chegar um dia que a pessoa tem a carteira da gratuidade, mas não tem o transporte. Ninguém paga essa conta. Daí, vêm o estudante que paga meia-entrada, que é quem sustente o ônibus hoje, porque quem não tem direito a meia-passagem pega o táxi há dois reais, que é mais rápido”, comentou o presidente do Sitrom.
O subsecretário de trânsito e transporte de Mossoró, Charlejandro Rustayne, confirma que a empresa Cidade do Sol não pretende continuar operando na cidade e afirma que 21 ônibus circulam na cidade (Cidade do Sol: 1 Liberdade, 3 Nova Vida, 1 Belo Horizonte, 1 Boa Vista; Sideral: 7 Abolições, 6 Vingt Rosado, 1 Circular A e 1 Circular B).
O presidente do sindicato afirma, no entanto, que a linha do Nova Vida está circulando em rota reduzida, por conta dos recorrentes assaltos. “Depois que passa do Bar do Cajueiro é um perigo. Motorista já apanhou na cara, para entregar o dinheiro. Sem segurança, eles não vão para lá, principalmente a noite”, declarou.
Charlejandro afirma que está sendo implantado o sistema de biometria facial, porque com a detectação do rosto evita que não-estudantes e pessoas que não têm direito a gratuidade sejam beneficiados com a carteirinha.
Outra esperança do subsecretário está em uma empresa se interessar pela licitação de transportes da cidade. Em duas licitações, não houve concorrência. Está sendo formulada uma terceira, na qual o secretário ressalta que o Ministério Público ainda não enviou as adequações desejadas e, por isso, o edital não foi publicado em fevereiro, como previsto.
“Não temos o planejamento de adquirir novos ônibus, por enquanto. Vamos esperar pela licitação, para que uma nova empresa realize os transportes da cidade”, comentou Charlejandro.
O que diz os passageiros?
Luis Gomes, estudante: “Eu acho que deveria melhorar em quase tudo. Primeiro nas paradas, sentar no chão é muito transtorno. Segundo a qualidade e quantidade dos ônibus. Acho um absurdo a lotação em um ônibus, correndo o risco de virar a qualquer momento. Acho que deveria aumentar a quantidade”.
Beatriz Brazão, estudante: “Eu tenho está no curso de 14h e vou para a parada as 13h, porque o ônibus passa as 13h10min, mais ou menos. O ruim é que as vezes o ônibus vai super lotado, e fora que é perigoso ficar na parada esperando, e ainda no sol, porque a parada não protege nada. Isso que eu acho ruim”.
Gabriel Lima, estudante: “Eu pego o ônibus Vingt Rosado. Dia de semana já é ruim e nos fins de semana, espera uma eternidade”.
Mayara Cassiano, estudante: “O motorista do Nova Vida disse que diminuiu de três para dois ônibus no Nova Vida e o pessoal está reclamando muito da demora. Nos sábados, eu preciso ir ao centro e é uma eternidade. Pego aqueles táxis que fazem lotação, se não é impossível chegar a tempo”.