Energia eólica afasta risco de ‘apagão’ no RN
Cerca de 80% da energia elétrica produzida hoje no Brasil vêm das usinas hidrelétricas, que dependem da chuva para encher seus reservatórios. Em tempos de escassez de precipitações em quase todo o país, as energias renováveis recebem atenção especial e, nesse sentido, o Rio Grande do Norte aparece na dianteira em relação aos demais estados brasileiros, principalmente no que diz respeito à energia eólica.
De acordo com dados do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), entre 2009 e 2014 aportaram no RN mais de R$ 10 bilhões em investimento direto, equipamentos, serviços e obras de usinas eólicas.
O presidente do Conselho de Consumidores da Cosern, João Lima, reforça que as principais alternativas de energias renováveis para o RN hoje são as eólica (dos ventos) e solar. “A eólica já existe em grande potencial e é irreversível sua tendência de crescimento, hoje tem preços relativamente competitivos; já a solar ainda é uma energia que precisa de mais atenção e investimentos”, afirma.
Ao longo dos últimos sete anos, o Rio Grande do Norte ganhou destaque nacional e internacional ao conquistar o primeiro lugar geral em novos projetos eólicos licitados na série de leilões federais anuais envolvendo essa modalidade de energia, conforme aponta uma cartilha elaborada pelo Cerne. Dados da Agência Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) apontam que até 2017 o Brasil terá uma capacidade instalada de 8,6 gigawatts (GW).
O RN detém a maior matriz estadual de geração eólica nacional, com 45,49% de sua matriz formada por energia eólica. A previsão, analisando um balanço dos leilões e contratos livres envolvendo projetos no RN, é que o Estado chegue a mais de 4,5 GW a serem instalados até 2018.
Além de economizar a água dos reservatórios nas usinas hidrelétricas, as energias renováveis possuem a vantagem de não gerar impactos significativos para o meio ambiente, ao contrário das usinas termelétricas, por exemplo, que provocam grandes impactos por meio da queima de combustíveis fósseis que são liberados na atmosfera.
As hidrelétricas, por sua vez, também acendem algumas agressões ao meio ambiente, de modo que muitas vezes interferem no curso normal dos rios por meio da construção de grandes barragens e fazendo represas que podem inundar áreas ricas em biodiversidade e até mesmo habitadas por pessoas.
Embora tenham a sua importância, no entanto, João Lima explica que as energias renováveis não são energia de base, ou seja, são utilizadas apenas para complementar e diversificar a matriz energética brasileira.
“O que temos que entender é que as renováveis, tanto solar quanto eólica são complementares, mas muito importantes, porque se está ventando e tem sol e você esta usando a solar ou eólica, pode fechar a hidrelétrica ou a termelétrica”, explica.
Com a instalação de parques eólicos no RN o Estado se beneficia por meio da geração de emprego e de riqueza, além das vantagens do ponto de vista da economia energética e da sustentabilidade.
O professor do Mestrado Profissional em Energia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ricardo Ferreira Pinheiro, também destaca dois fatores importantes atrelados às energias renováveis: o primeiro é a produção de um suporte de energia que compense a escassez de água e evite o uso das termelétricas; e em segundo lugar é o benefício para o meio ambiente, uma vez que essas fontes de energia não aumentam a emissão de carbono na atmosfera.
No entanto, ele reforça a necessidade de mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Hoje toda a tecnologia necessária para a produção de energia a partir dos ventos praticada no Brasil depende unicamente de tecnologia estrangeira.
“O Brasil precisa investir muito nisso, até porque esses sistemas que chegam aqui são adaptados para o funcionamento lá fora, eles não são exatamente ideais – no caso da eólica – para o nosso vento e para o nosso sistema eólico”.
Na opinião do professor, a falta de investimentos em pesquisa é uma questão de visão de longo prazo. “Eu acho que quem está com o poder de decisão no que se refere aos sistemas de desenvolvimento tecnológico no Brasil não percebeu ainda que é possível você obter muito mais da energia eólica se a gente fizer adaptações ao sistema para a nossa realidade”.
FONTE: NOVO JORNAL



