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Denunciado por racismo, Bolsonaro vai a evento com quilombolas no Pará. Encontro é organizado por líder quilombola questionado. PGR denunciou Bolsonaro ao STF por dizer que quilombolas 'não servem nem para procriar'




BRASIL, POLÍTICA
 O pré-candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), durante debate em Brasília (DF) - 06/06/2018
 O deputado federal e pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) (Evaristo Sá/AFP)

Em uma tentativa de atenuar os efeitos eleitorais da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) pelo crime de racismo, o presidenciável participará de um evento com quilombolas em Parauapebas (PA), no próximo dia 13 de julho. Apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em abril, a acusação contra Bolsonaro foi baseada em declarações nas quais o deputado afirmou que quilombolas “não servem nem para procriar”.

O evento na cidade paraense, a cerca de 530 quilômetros de Belém, é organizado por Paulo Quilombola, líder da Federação das Comunidades Quilombolas do Pará, que, até o mês passado, apoiava a candidatura do senador Alvaro Dias (Podemos) à Presidência.

Apesar das declarações em que Jair Bolsonaro ataca os quilombolas, Paulo divulgou, no último dia 28, um vídeo em que anunciou o rompimento com Dias e a adesão à candidatura do deputado. Ele esteve com Bolsonaro na semana passada, em Brasília.

“Os inimigos de Jair Bolsonaro também são inimigos da federação e das populações tradicionais do estado do Pará. Todos que perseguem Jair Bolsonaro perseguem também a federação, porque estão com medo, com medo da mudança. Eu apoio Jair Bolsonaro, sei que, se ele assumir o Brasil, muita coisa vai mudar, muita coisa que está errada dentro do movimento afroindígena, dentro do movimento negro, vai mudar”, afirma Paulo Quilombola no vídeo.

Ao anunciar que iria a Parauapebas, durante sabatina na Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última quarta-feira, 4, Jair Bolsonaro disse que os quilombolas “querem uma nova Lei Áurea”, em referência à lei que aboliu a escravidão no Brasil, em 1888. “Os senhores vão ver o atendimento que eu vou ter das comunidades indígenas locais e dos quilombolas. Os quilombolas querem uma nova Lei Áurea”, declarou.

Embora se diga representante dos quilombolas paraenses, Paulo Quilombola foi alvo de uma nota de repúdio da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, divulgada em abril.

No texto, o órgão afirma que a atuação de Paulo Quilombola “em nada contribui” com negros e quilombolas. “As entidades do movimento negro e quilombola do estado do Pará manifestam o seu repúdio às práticas aviltantes desse senhor, exteriorizadas pelos seus discursos de ódio contra muitas de nossas lideranças quilombolas, entre outras, tendo como pessoal e único interesse (o que nos parece o mais grave) desmantelar todo o processo político até aqui construído por instituições sérias do nosso movimento”, diz a nota.

Denunciado por racismo

A PGR denunciou Jair Bolsonaro ao STF pelo crime de racismo contra negros, quilombolas e refugiados durante uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, em abril de 2017.

Na acusação, Raquel Dodge pediu que o Bolsonaro seja considerado culpado por duas incidências de racismo, com pena de um a três anos de prisão em regime fechado cada uma, mais o pagamento de uma multa por danos morais coletivos, no valor indenizatório mínimo de 400.000 reais.

No discurso que o levou a ser denunciado, Jair Bolsonaro disse que os quilombolas “não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais”.

Uma vez apresentada a denúncia, cabe ao STF decidir se aceita ou não a acusação. Caso a denúncia seja acolhida, Bolsonaro se torna réu e será julgado.

(Veja.Abril.com.br)