Terceirização provoca queda de braço entre presidentes da Câmara e do Senado

Após Renan Calheiros falar em 'engavetar' o projeto no Senado, Eduardo Cunha ameaçou uma retaliação e disse que pode segurar votações
ANDREZA MATAIS E RICARDO BRITO - O ESTADO DE S. PAULO
Em queda de braço com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse a interlocutores que avalia "engavetar" o projeto que trata da regulamentação da terceirização no País.
Renan não concorda com o texto abrangente aprovado na quarta-feira, 22, pelos deputados e, diante da ameaça de Cunha de que se o Senado alterar o projeto ele será restabelecido pela Câmara, a alternativa é segurar a votação no plenário ao menos durante a sua gestão em janeiro de 2017.
"Não vamos permitir pedalada contra o trabalhador. Não podemos permitir uma discussão apressada de modo a revogar a CLT", afirmou Renan. Um interlocutor direto do presidente do Senado resumiu a disposição de Renan. "Demorou 11 anos para passar na Câmara, se demorar cinco para tramitar no Senado está bom", afirmou, ao dizer que a proposta será votada "a gosto de Deus".
O presidente da Câmara reagiu imediatamente à possibilidade de o projeto dormitar nas gavetas do Senado. "Se eles podem segurar (projetos), a Câmara pode segurar também o que veio do Senado", ameaçou, após o Broadcast Político revelar a disposição de Renan. Perguntado se isso significa chumbo trocado, Cunha respondeu: "É óbvio que a Câmara tem o que segurar." Em resposta, Renan disse que não irá votar o projeto com "sofreguidão porque isso é ruim."


