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[VÍDEO] ACUSADO DE ASSALTO E ESTUPRO DE VULNERÁVEL EM MOSSORÓ É PRESO ACUSADO DE ESTUPROS EM SÉRIE EM BARRA VELHA-SC


Francisco Josimar do Nascimento foi preso no dia 17 de março em Piçarras – Foto: Divulgação/ND
A prisão de Francisco Josimar do Nascimento, de 41 anos, ocorreu no dia 17 de março, meses depois que o primeiro estupro foi denunciado na delegacia de Barra Velha, no Litoral Norte.
Foragido do Ceará, Francisco é acusado de três estupros de vulnerável e dois roubos cometidos em Barra Velha. Além desses crimes, outros dois estupros podem ser incorporados às acusações contra ele, um dos casos corre em Piçarras. A quinta vítima, no entanto, ainda não foi identificada, embora a polícia já tenha provas do crime.
Os crimes não param por aí. Há 10 anos, a Justiça do Ceará considera Francisco foragido. Ele é acusado de latrocínio na cidade de Quixeré, no interior cearense.
Além disso, ele também responde a um processo por assalto e estupro de vulnerável em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Francisco é acusado de estuprar uma adolescente que tinha 12 anos à época.
Crimes em série
A série de crimes foi interrompida após uma investigação minuciosa deflagrada pela Polícia Civil de Barra Velha. Isto porque as idosas começaram a denunciar estupros com características muito semelhantes.
O primeiro caso, conta o delegado Procópio Neto, aconteceu em janeiro. Em fevereiro, uma segunda vítima, semanas depois, a terceira. Em todos os casos, o modus operandi do criminoso chamava a atenção: o rosto estava sempre coberto por uma máscara, chegava na casa da vítima no meio da noite e era muito calmo.
“Algumas vítimas identificaram alguns sinais, algumas características, tom de pele, braços peludos. Mas, principalmente, todas descreviam a maneira do estupro como sendo o mesmo, que ele era muito calmo, que falava para ficarem calmas enquanto acariciava as partes íntimas delas. Todas elas descreviam essa conduta e essa conduta fica provada no vídeo”, explica o delegado.
O ritual do criminoso
O suspeito tinha um “ritual”, conta Procópio. Morador do bairro Nossa Senhora da Paz, que faz divisa com Itajuba, ele espreitava as mulheres, filmava as possíveis vítimas e, no meio da noite, arrombava as casas.
O perfil também seguia um padrão: idosas que moram sozinhas. “Uma das vítimas contou que acordou com ele já com a mão na boca dela. Uma idosa de 86 anos contou que ele passou cerca de três horas a estuprando em vários cômodos da casa”, diz.
Todas as vítimas se mudaram de Barra Velha dias após os crimes e não quiseram ser identificadas ou falar com a reportagem. “Ele as ameaçava, dizia que voltaria se elas falassem algo. Essas que vieram são muito guerreiras”, destaca o delegado.
Investigação identificou quatro vítimas, três em Barra Velha e uma em Piçarras – Foto: Adrieli Evarini/ND
Apesar de ter quatro vítimas identificadas e cinco estupros registrados, a Polícia Civil acredita que existam outras vítimas que não procuraram a delegacia.
“Ele tem um perfil criminológico de sociopata e acreditamos que haja muito mais vítimas. Não consigo sequer mensurar quantas, porque não sabemos quando ele começou. Ele está há 10 anos e já chegou foragido”, diz.
Gravação e celulares levaram à prisão
Estupros gravados em celulares. Foi a partir dessa dinâmica que a polícia chegou até o homem que tem crimes cometidos no Rio Grande do Norte, no Ceará e vinha fazendo uma série de vítimas em Santa Catarina.
O delegado Procópio conta que, além de filmar as possíveis vítimas fazendo uma espécie de “levantamento” e “mapeamento”, o suspeito gravava os estupros nos próprios celulares das vítimas, roubados na sequência.
Portanto, foi a partir dessas imagens, recuperadas após trabalho de inteligência da polícia, que Francisco foi localizado, na casa em que morava com a família. “Ele filmava as vítimas antes, ele filmava os estupros. Era uma pessoa que agia de forma premeditada, fria e calculista”, ressalta.
O delegado destaca, ainda, a frieza do suspeito durante o estupro. Ele fazia questão de perguntar às vítimas as idades durante o ato. Em um dos vídeos, é possível ouvi-lo. “Quantos anos você tem?”. A vítima, assustada, responde: 68
Gravações de monitoramento e dos estupros foram encontradas no celular que estava com o suspeito e havia sido roubado de uma das vítimas – Foto: Adrieli Evarini/ND
Para a polícia, Francisco tinha certeza que não seria descoberto. “Ele não é conhecido por ninguém, não é daqui, não tem banco de dados, nada. Ele tinha certeza que nunca seria preso. Tanto que, quando o prendemos, ele foi extremamente dissimulado, afirmando que não sabia de nada, que jamais faria isso”, conta Procópio.
Provas reunidas
Preso, Francisco se negou a falar com a polícia, mas o delegado destaca o grande volume de provas reunido pela equipe.
“Reunimos muitas provas com a certeza de quem prendemos. Além disso, ele foi submetido ao exame de DNA porque ele não usava preservativo com nenhuma delas. Houve coleta de material e todas para fazer o comparativo. A prova científica é arrebatadora”, salienta.
Além disso, depois da prisão, uma autorização judicial permitiu o acesso a todos os arquivos do celular que estava na casa. Nas imagens, vídeos de estupros e de monitoramento de possíveis vítimas.
O delegado Eduardo Ferraz ressalta a importância de identificar outras mulheres que possam ter sido vítimas de Francisco. “É importante frisar que existe a possibilidade real de existir mais vítimas. Só o fato de ser estupro de senhoras idosas já é algo bem característico e que pode ajudá-las a identifica-lo”, fala.
Só no inquérito de Barra Velha, as penas somadas podem chegar a 30 anos de prisão.
Ministério Público já ofereceu denúncia
Apesar de tramitar em segredo de justiça por se tratar de crime de estupro de vulnerável, a promotora Roberta Trentini Machado Gonçalves explica que a denúncia foi oferecida pelo Ministério Público no dia 13 de abril.
A denúncia já foi acolhida pelo Poder Judiciário e o próximo passo é a fase de produção de provas em juízo. “O Poder Judiciário recebeu por entender que há elementos de materialidade e autoria dos delitos”, diz.
A promotora ressalta, também, a importância de que possíveis novas vítimas entrem em contato com a Polícia Civil e registrem BO ou com o próprio Ministério Público e destaca, ainda, a similaridade do modus operandi do suspeito, o que pode contribuir para a identificação de novas mulheres que tenham sido vítimas de Francisco.
“Pode haver vítimas que não procuraram a delegacia de polícia até o momento. Sabemos que não é fácil falar sobre isso, reviver esses atos, mas este depoimento é muito importante para o processo e para que todos os atos, todos os fatos sejam elucidados”, reforça Roberta.
Foragido do Ceará
Há dez anos, Francisco Josimar do Nascimento foi acusado de latrocínio em Quixeré. De acordo com o delegado de Russas (Ceará), Thalles José de Melo Lima, ele é conhecido pelo apelido de Nininha e responde ao inquérito na cidade do interior cearense.
O crime aconteceu em 2010 e ele foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará, mas quando o mandado de prisão preventiva foi expedido, ele fugiu e só foi localizado agora, após a prisão em Barra Velha.
“Este indivíduo agora recapturado vai responder ao processo, preso, e ser submetido a julgamento pelo Poder Judiciário da comarca de Quixeré”, explica.
O nd+ entrou em contato com o advogado de Francisco, mas ele alegou que o defende em outros processos e não tem conhecimento dos estupros.
*A reportagem teve acesso às imagens do suspeito no sistema de registro do departamento penitenciário.

ND