Fim das coligações de vereadores é uma das mudanças para eleições
As eleições municipais deste ano trazem algumas mudanças que pretendem corrigir distorções no processo eleitoral. Uma delas é o fim das coligações para as eleições proporcionais. Isto é, não será permitida a formação de alianças para as vagas no Legislativo. A transferência de votos entre legendas diferentes só poderá ocorrer no Executivo, para o cargo de prefeito.
"Esta é uma mudança positiva. Antes se mobilizava votos em torno de uma ficção política. O eleitor votava no candidato A, mas acabava por eleger o B, de outro partido. Com a proibição das coligações, me parece que os princípios ficam mais bem desenhados. Agora a representação proporcional no Brasil reflete a proporcionalidade dos votos do eleitorado. Corrige assim o mecanismo de transferência de votos porque agora isso só ocorre dentro do partido, o que traz unidade", explicou o cientista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez.
A nova regra foi aprovada pelo Congresso Nacional durante a reforma eleitoral de 2017, mas só entrou em vigor nestas eleições municipais. O candidato a uma cadeira na Câmara Municipal só pode participar do pleito em chapa única dentro do partido ao qual é filiado.
Para o cientista político e pesquisador da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Humberto Dantas, a alteração é o "melhor dos mundos para o eleitor" e completou: "É essencial para o eleitor entender que votou em A e elegeu o candidato A a vereador. Mas para o sistema partidário, é um cenário incerto, é mirar no que viu e acertar no que não viu".
O fim das coligações pode gerar dificuldades para os partidos pequenos conquistarem cadeiras no Legislativo, uma vez que as legendas, em geral, têm menor visibilidade. Uma estratégia adotada será o lançamento de candidatos próprios à prefeitura na tentativa de atrair votos para os vereadores do mesmo partido.
"A tendência é aumentar o número de candidatos a prefeito para substituir a figura da coligação. Mesmo que o candidato tenha poucas chances, esta será uma resposta do partido à proibição de coligações no Legislativo, sobretudo em grandes municípios. Se o candidato a prefeito tiver um bom desempenho, atrai a atenção do eleitor, ajuda a fortalecer a imagem do partido. Sem contar que são bem menos candidatos a prefeito do que a vereador, divide menos a atenção ", enfatizou Rafael Cortez.
Humberto Dantas também acredita em um número recorde de candidatos a vereador, chegando a mais de um milhão em todo o país, o que representa 0,5% da população brasileira. "Mas deve aumentar também a quantidade de 'laranjas' que apenas emprestam os nomes aos partidos. Com a pandemia, o natural seria a redução de candidatos, mas não creio nisso", concluiu.
Fonte: R7