

Foto 1: Reprodução/ Perito papiloscopista Renato Couto, de 41 anos, foi capturado, em uma viatura da Marinha, após procurar o empresário Lourival Ferreira de Lima. — Foto: Arquivo
Imagens obtidas pelo Globo mostram o momento em que o policial civil Renato Couto é imobilizado e colocado em uma van por militares da Marinha em um ponto próximo à Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio.
O vídeo teria sido gravado na sexta-feira da semana passada, na última ocasião em que o perito papiloscopista foi visto com vida. Na manhã desta segunda, o corpo de Renato foi encontrado em uma das margens do Rio Guandu, na altura de Japeri, na Baixada Fluminense.
O primeiro-sargento Bruno Santos de Lima — preso com o pai, o empresário Lourival Ferreira de Lima — e os também militares do 1º Distrito Naval Manoel Vitor Silva Soares e Daris Fidelis Motta são acusados do homicídio triplamente qualificado do agente, bem como por ocultação de cadáver.
Na gravação, registrada a distância, pelo menos três homens aparecem imobilizando uma quarta pessoa que, em dado momento, parece estar sendo agredida. Em outro trecho, a vítima recebe uma espécie de chave de braço, o que condiz com o conteúdo dos depoimentos prestados à Polícia Civil. Mais à frente, o vídeo, de pouco menos de dois minutos, mostra todo o grupo entrando no carro e deixando o local rapidamente.
A van utilizada no crime pertence à Marinha. Inicialmente, não se sabia se Renato estava vivo quando foi colocado no veículo, nem mesmo se já havia morrido devido aos ferimentos à bala no momento em que foi deixado no Rio Guandu.

Corpo foi encontrado no Rio Guandu — Foto: Reprodução/O Globo
Profissionais do Instituto Médico-Legal (IML), contudo, concluíram que ele ainda não estava morto ao ser jogado nas águas. De acordo com a perícia feita no cadáver, o policial civil foi morto por hemorragia decorrente dos disparos de arma de fogo e ainda por asfixia mecânica provocada pelo afogamento.
— A gente quer justiça e que eles sejam punidos severamente. Nada justifica o que fizeram. Está tudo em vídeo. Meu irmão já tinha ido lá várias vezes. Eles armaram para o matar. Ele foi morto com a nota fiscal no bolso. O meu irmão só procurou o que era dele. Ele só foi rever o que estava lá. Meu irmão foi agredido. Eles eram de um ferro-velho ilegal — disse a fisioterapeuta Débora Couto de Mendonça, de 38 anos, uma das irmãs de Renato.
Bruno disse que, na ocasião, portava sua pistola particular, uma Taurus calibre nove milímetros, e vestia um colete balístico. Ao chegar no estabelecimento, na Rua Oswaldo Aranha, na Praça da Bandeira, avistou seu pai “com um semblante cabisbaixo, ao lado de um indivíduo”. Por esse motivo, o sargento contou ter saído da viatura já com a arma em punho, se identificando como militar e ordenando que Renato Couto colocasse as mãos para cima.
Bruno alega que, na sexta-feira, dia 13, o pai ligou comunicando que o mesmo indivíduo havia retornado ao ferro-velho e o ameaçado caso não pagasse R$ 10 mil. O militar conta que, neste momento, acionou um de seus subordinados, o terceiro sargento Manoel Vitor Silva Soares, e o cabo Daris Fidelis Motta, para irem, com uma viatura do 1º Distrito Naval, em “defesa” de Lourival.
No depoimento, o primeiro-sargento relatou que, ao revistar o perito papiloscopista, notou que ele estava com uma pistola na cintura e, nessa ocasião, o policial civil sacou a arma e ambos entraram em luta corporal. Lourival, Daris e Manoel também teriam se envolvido na briga, tentando separá-los. Bruno disse se recordar que, “em determinado momento, conseguiu desferir um tiro na perna” de Renato, mas, mesmo assim, ele teria conseguido tomar sua arma.