Oposição critica gestão Allyson: ‘cidade de maquiagem’ e 'gestão farinha'
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Foto: José Aldenir/Agora RN |
A popularidade do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), segue elevada, mas a oposição tem criticado a gestão, acusando-a de maquiar problemas estruturais e sociais. Na Câmara Municipal, vereadores trocaram farpas sobre os rumos da administração e a realidade enfrentada pela população. Enquanto aliados do prefeito citam avanços na infraestrutura, educação e segurança pública, adversários políticos criticam a falta de transparência em contratos e a precariedade de serviços essenciais.
Um dos principais alvos de crítica é a qualidade das obras realizadas pela Prefeitura, que segundo parlamentares de oposição, exigem constantes reparos pouco tempo após serem inauguradas. A chamada “gestão farinha”, como foi apelidada por um vereador, teria inaugurado equipamentos públicos sem a devida qualidade, forçando novos gastos com reformas.
O vereador Jailson Nogueira (PL) questionou o padrão das obras realizadas, afirmando que “nenhuma deu certo nessa gestão, faz e desfaz, inaugura e tem que reformar logo depois”. Para ele, a Prefeitura estaria comprometendo os cofres públicos com projetos que deveriam ser duradouros, mas acabam exigindo aditivos financeiros constantes.
Outro ponto levantado foi a falta de efetivo e estrutura adequada na Guarda Municipal. Parlamentares reclamam que viaturas circulam com restrição de combustível, o que limitaria a atuação dos agentes apenas à área central da cidade. Também foi denunciada a ausência de inspetores nomeados desde setembro do ano passado, o que, na visão dos críticos, seria um ato de perseguição política. “A Guarda Municipal está sem comando porque o prefeito simplesmente não nomeia os aprovados. Isso é um absurdo e prejudica a segurança da população”, apontou um dos vereadores.
Enquanto a oposição reforçava os problemas, governistas rebatiam afirmando que Mossoró avançou em diversos setores e que a aprovação popular do prefeito comprova a eficiência da gestão. Um dos vereadores defendeu Allyson Bezerra e ressaltou que “o prefeito tem mais de 80% de aprovação e foi reeleito com votação recorde. O povo reconhece seu trabalho, e a oposição quer criar narrativas para desqualificar o que está sendo feito”.
E comparou a situação do município com o estado, afirmando que a governadora Fátima Bezerra (PT) enfrenta índices de rejeição muito maiores e problemas mais graves na administração estadual.
A infraestrutura urbana também foi pauta na sessão, com pedidos de melhorias em pavimentação e drenagem em diferentes bairros. Além disso, foram apresentadas demandas por reformas em unidades básicas de saúde e na educação municipal, setores que, segundo vereadores oposicionistas, ainda apresentam muitas deficiências.
O vereador Lucas das Malhas (União) reforçou que a cidade precisa de investimentos mais bem planejados e criticou o que chamou de “gestão de redes sociais”. Para ele, “não adianta pintar meio-fio e inaugurar obra sem qualidade enquanto a população continua enfrentando problemas básicos como falta de saneamento e buracos nas ruas”.
Mossoró Cidade Junina terá área VIP e oposição denuncia segregação no evento
A estrutura do Mossoró Cidade Junina virou polêmica na Câmara Municipal, com a oposição denunciando que o evento deste ano terá uma área VIP, o que, segundo eles, criará uma divisão entre ricos e pobres. O formato da festa junina, que é uma das maiores do país, foi questionado por parlamentares que acusam a gestão municipal de afastar o público mais humilde e priorizar a comercialização de espaços exclusivos para empresas e patrocinadores.
O vereador Jailson Nóbrega criticou a decisão da Prefeitura e afirmou que a festa, que historicamente sempre foi acessível ao povo, agora estaria sendo transformada em um evento elitista. “Vão cercar e dividir o espaço, afastando o povo mais humilde. No ano passado já tentaram fazer isso, mas o Ministério Público impediu. Agora vão insistir na mesma ideia. Quem não puder pagar, vai assistir tudo de longe, por um telão”, declarou.
Outro ponto levantado foi o aumento no valor dos camarotes, que, segundo os críticos, limita ainda mais o acesso da população ao evento. Jailson afirmou que o Mossoró Cidade Junina vem sendo modificado ao longo dos anos para atender a um público seleto, enquanto os artistas locais enfrentam dificuldades para se apresentar e receber pagamentos.
“Os cachês dos grandes shows são pagos antecipadamente, mas o artista da cidade tem que ficar pedindo favor para receber o que já trabalhou. Essa gestão não trata os artistas da terra com o respeito que merecem”, disse.
Aliados do prefeito Allyson Bezerra rebateram as críticas e defenderam que a formatação do evento com áreas exclusivas é necessária para viabilizar parcerias privadas e aumentar o investimento na estrutura da festa. O vereador Kaio Freire (PSD) argumentou que a Prefeitura está trabalhando para garantir um evento ainda maior e que as mudanças não prejudicam o acesso popular.
“O Mossoró Cidade Junina continua sendo uma festa para o povo. Mas, como qualquer grande evento, precisa ter setores diferentes para quem deseja uma experiência diferenciada e para quem quer investir na festa. Isso é comum em qualquer grande festival”, afirmou.
Apesar das justificativas, a oposição segue cobrando mais transparência sobre a organização e os custos do evento. O vereador Alex do Frango (PSD) questionou a real necessidade da segregação dentro da festa e criticou a falta de diálogo com a população sobre essas mudanças.
“O prefeito precisa lembrar que Mossoró Cidade Junina é uma tradição do povo e não um evento privado. Quando se começa a dividir o espaço, se afasta quem realmente fez essa festa ser o que é hoje”, afirmou